A capela de Nossa Senhora de Fátima, do Corpo Nacional de Escutas (escutismo católico), localizada no centro nacional de atividades de Idanha a Nova, foi distinguida com dois prémios no concurso internacional Architizer A+, foi anunciado esta terça-feira.
Localizada no acampamento com capacidade para 100 mil lugares, o projeto de Pedro Ferreira e Helena Vieira, do ateliê Plano Humano Arquitectos, é também finalista do World Architeture Festival, que decorre de 28 a 30 de novembro, em Amesterdão, na categoria “Religião – Edifícios completados”.
«Finalista em duas categorias, recebeu o prémio do júri e o prémio do público na categoria Cultura – Edifícios Religiosos e Memoriais e o prémio do público na categoria Arquitectura em Madeira», refere, em comunicado, o município de Idanha-a-Nova, citado pelo “Público”.
Os Prémios Architizer A+ são promovidos, a nível mundial, numa plataforma na internet, com uma audiência superior a 400 milhões de pessoas, visando celebrar e divulgar a melhor arquitetura do ano.
A inspiração para a capela «nasceu do âmago da experiência escutista: a vida ao ar livre, o acampamento, a tenda, a sobriedade e simplicidade das construções e estilo de vida. Também as extremas do edifício, de forma pontiaguda, fazem uma alusão ao lenço escutista, símbolo da promessa e compromisso neste movimento», explica a descrição do projeto.
De acordo com o mesmo texto, publicado na página Architizer, a localização enquadra-se numa área de planalto no centro do acampamento, rodeada por um ambiente rural, oferecendo «uma extraordinária visão panorâmica, que também impulsionou o design do edifício».
«A experiência espacial começa com a via de acesso à capela, uma passagem gradual para um ambiente mais introspetivo», elaborado com madeira, pedra e zinco, continua a descrição.
Em forma de tenda, a capela, orientada de Este para Oeste, «permite que o nascer do sol ilumine o seu espaço interior, e o pôr do sol preencha o local com uma imensidão de cores, tons e ambientes, que despertam o olhar e sustentam o arranjo arquitetónico. No outono e no inverno, a luz enfatiza a tranquilidade do lugar e a simbiose sem adornos entre a construção e a paisagem».
«O ponto de entrada, onde o edifício se assemelha ao lenço dos escuteiros, e a forma como ele se coloca no pescoço, também é marcado pela presença de água, que “nasce” aqui. Aqui emerge um curso de água, que convida a visitar a capela e o mistério que celebra. O curso de água evoca a longa e rica simbologia bíblica e litúrgica», apontam os arquitetos.
O interior é suportado por 12 vigas de madeira (alusão aos apóstolos). Com um comprimento total de 12m, «a estrutura atinge o seu ponto mais alto aos 9m, após o altar, onde a elevação do feixe principal aumenta a profundidade do espaço e destaca esse ponto sagrado».
«Um único ponto de luz destaca-se do resto da iluminação, e cai do topo da haste da estrutura, sobre o altar, consagrando a reverência desse elemento», sublinha a descrição, que conclui com a convicção de que a capela «convida à reflexão, no encontro com a fé, enquanto olha para frente, para um horizonte mais alto».
Rui Jorge Martins
Fonte: Público
Imagem: © João Morgado
Publicado em 31.07.2018